10/01/2010 o mundo tinha parado ! Durante todo o dia...
À noite chegou o cirurgião. Um homem alto, loiro (quase ruivo), olhos azuis . Dr Félix Pahl. Parecia um anjo entrando no quarto do hospital. Apertei a mão dele e perguntei se aquelas eram as mãos que salvariam minha filha....ele sorriu.
Veio a explicação. A Mariana tinha um tumor cerebral de 6cm de diâmetro que deveria ser retirado com urgência. A cirurgia era de ALTO RISCO e ela "poderia não sair da mesa de cirurgia", pois além de tudo ela era bem magrinha e "fraquinha", poderia haver uma hemorragia cerebral. Chorei muito! A enfermeira teve que me apoiar ( Aninha, uma gracinha).
A cirurgia foi marcada para o dia 13/01/2010, uma 4ª feira.
À noite, quando todos se foram ( o Alê tinha que resolver a parte burocrática da coisa) e me vi sozinha com ela num quarto de hospital, minha ficha caiu. O que estava acontecendo na minha vida meu Deus? Me ajoelhei no chão do banheiro e rezei, rezei como nunca tinha rezado antes! E chorei....
No dia seguinte a Mari já não conseguia mais andar! Ela não tinha mais força nas pernas! Mas continuava linda, com os cabelinhos castanhos cacheados, uma delícia de criança, encantou a todos no hospital, pois ao mesmo
tempo em que era meiga e linda, era brava e com gênio forte! " Mamãe, ela está me incomodando, peça pra ela parar!" (se referindo à enfermeira).
Dia 13/01 às sete horas da manhã descemos para o centro cirúrgico. Minhas pernas tremiam. Ela no meu colo não tinha noção do que estava por vir, tadinha...
Uma enfermeira alta, forte veio lá de dentro e pediu-me que a entregasse, pois eu não poderia passar dali. Entreguei , meu coração em frangalhos, mas entreguei. As duas entraram e a porta se fechou.
Ela gritou, pediu, chorou, implorou e eu , de novo, chorei....
Dessa vez parecia que tinham arrancado minha filha de mim pra sempre! Caí num buraco imaginário de onde achei que nunca sairia.
Minha família toda ali....mas eu só queria minha filha de volta....
O Alexandre foi peça fundamental nesse momento.
Dez horas intermináveis de cirurgia. Pessoas enchendo o quarto do hospital. As visitas não paravam de chegar.Amigos queridos, pessoas que queriam ajudar. Todos rezando, pedindo, dando força. Foi uma corrente sem igual. Gente que eu nunca tinha visto me mandando mensagens de apoio. A empresa aonde trabalho parou em oração. Todos juntos por uma só causa.
Acabou. Ela subiu dormindo e foi direto para a UTI. Carequinha e VIVA!
A cirurgia tinha sido um sucesso! Os médicos ficaram surpresos e felizes com o resultado. Porém não conseguiram retirar todo o tumor.
O Dr Félix informou que ela voltaria da anestesia provavelmente sem mover o lado esquerdo do corpo.
Ela acordando era o que me interessava!
A cena não era bonita de se ver....estava intubada, a cabeça estava inchada, dois drenos saíam lá de dentro, um para tirar o sangue da cirurgia e outro para drenar o líquor e diminuir a hipertensão craniana. Tinha sonda em todo lugar.
Acordou me chamando e chorando com um pouco de dificuldade. ACORDOU!
Os braços mexendo pra lá e pra cá querendo arrancar tudo ( inclusive mexendo o lado esquerdo sem restrição).A única sequela ( revertida em dois dias) foi um dos olhos que ficou torto.
Minha filha estava conosco novamente.
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